30 de setembro de 2008

des.co.ber.ta (I)

passeava-lhe domingos acreditando em suas esperanças tirava sua camisa para que pudesse deitar seus sonhos vestida dele cortava-lhe os cabelos ouvia suas promessas de passeios jardim botânico cachoeira enquanto preparava cafés-da-manha-tarde-noite cedeu o controle-remoto de suas emoções foi sintonizada no canal frustação soap-opera adolescente de enredo fácil nos intervalos ofertava-se a decepção tomou-lhe o controle da mão espantada com a covardia coitado de ingenuidade gaguejou silenciou fingiu que nada acontecera dançava para sustentar o aprizionamento da mesmice mediocre perdera a chance de mergulhar nas verdades boia na superficie de celebres notáveis ninguéns no restrospecto de suas dores e delícias ela se sentia truinfante diante desse pequeno infortúnio e humildemente agradecia pela decepção inesperada sentia-se mulher gente-grande orgulhosa livre de culpa pressões urgências-angústias vivendo cada dia calma é seu relógio vento é veículo e todas as cores do mundo a enfeitam cantando no chuveiro novas melodias sonhando com o mar da bahia...

6 comentários:

omnia in uno disse...

seja bem-vinda!

beijos,

Adrianna Coelho disse...


se descobre assim
roça
a palavra
e troça
com os sentidos da gente!

que cosa loca!

e ainda vem em tecnicolor
embaixo de um chuveiro!

pat werner disse...

gostei muito do texto, da intensidade, da poesia, da despontuação e, sobretudo, das frases despidas:

"dançava para sustentar o aprisionamento"

"bóia na superfície de celebres notáveis ninguéns"

parabéns pela descoberta.

beijos

pat werner disse...

ah, partiu bahia?

Anônimo disse...

um texto cheio de ritmo, não vejo um fim, mesmo quando acabam as palaras...

beijobeijo!

Clara Cavour disse...

"dançava para sustentar o aprisionamento da mesmice medíocre perdera a chance de mergulhar nas verdades bóia na superfície de célebres notáveis ninguéns".

adorei.

a inércia dança na mesmice. a gente canta o mantra...

viva a derrubada do mito em noite de laranjeiras!